quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Dicas para demolhar, cozer e acondicionar Leguminosas


Se há coisa que eu considero de bastante utilidade é uma arca congeladora. Tenho uma arca desde que me casei - foi prenda de casamento  - e confesso que sei muito bem como é que conseguiria fazer se só tivesse aquelas três gavetas do combinado do frigorífico.
Uma arca congeladora é, na minha opinião, uma enorme ajuda, pois permite fazer uma gestão muito maior de algumas compras e de aproveitamento de hortícolas e de sobras, mas também rentabilizar outros recursos, como por exemplo as leguminosas.
Demolho e cozo as leguminosas em casa. É raro comprar - normalmente só se for uma enorme emergência de não ter leguminosas já cozinhadas congeladas (raro!!!) ou para os workshops. E a vantagem de ter uma arca congeladora é que cozinho grandes quantidade de uma vez só, e depois congelo em doses para ir descongelando em função das receitas e das necessidades. E esta é uma das vantagens e “rentabilização” que podemos fazer da nossa arca.

Ultimamente aproveito um dia com alguma disponibilidade para cozinhar várias leguminosas de cada vez, e assim ficar com “stock” para alguns tempos.
Começo sempre por demolhar as leguminosas. Normalmente demolho entre 12 a 24 horas e um quilo de cada vez.

Da última vez demolhei um quilo de grão de bico, um quilo de feijão azuki, um quilo de feijão branco e 500g de lentilhas castanhas (que no caso das lentilhas NÃO as demolhei porque não necessitam)

Em cada um dos recipientes coloquei as leguminosas, água e um pedaço de alga Kombu (não é preciso muita quantidade). A alga kombu, e isto aprendi com a culinária macrobiótica, melhora a digerabilidade das leguminosas, tornando-as menos susceptíveis a desconforto intestinal, e também a sentirem-se menos “pesados” (corrijam-me por favor se estiver enganada!) Há quem defenda que não precisa de se colocar a alga na parte de demolhar, e apenas cozer as leguminosas com a mesma, mas a mim ensinaram-me a fazer os dois passos com a alga: a demolhar e a cozer, e eu faço sempre assim desde então. A única coisa a terem em atenção é que ao usarem a alga para demolhar as leguminosas não a podem consumir, mas se só a usarem para cozer as leguminosas, podem comer a alga se assim o desejarem.
A alga kombu podem comprar em lojas de produtos naturais, como o Celeiro e semelhantes, e já encontrei à venda em hipermercados como o Continente, na área dedicada aos produtos naturais e biológicos, portanto é relativamente fácil de encontrar se soubermos onde procurar.

Demolho cada uma das leguminosas em separado - grão, feijão, .... com um pedaço de alga kombu, normalmente durante a noite, cerca de 12 horas (mas como já disse anteriormente podem demolhar mais tempo. De uma maneira geral quanto mais tempo demolharem, mais rápido é o tempo de cozedura!)

Ao fim desse tempo descartam a água da demolha, e colocam as leguminosas com a alga numa panela e juntam agua nova. Há quem junte sal, há quem junte apenas louro e alho para sabor. A saber: ao juntarem sal, é normal que a cozedura possa demorar mais tempo.

Podem usar uma panela normal ou a panela de pressão, ou até mesmo uma panela slowcooker se a tiverem. A minha mãe sempre cozeu as leguminosas na panela de pressão, porque é muito mais rápido. No entanto eu raramente o faço, porque acho mais difícil conseguir controlar o tempo de cozedura e várias vezes ficava com as leguminosas demasiado cozinhadas e a desfazerem-se. Pessoalmente prefiro cozer numa panela normal, em lume brando, durante cerca de 1h a 1h30. Há leguminosas que demoram mais e outras que demoram menos. É irem estando atentos, e testarem a cozedura das mesmas até estarem satisfeitos.
Porque é um pouco demorado, eu prefiro fazer logo uma maior quantidade e várias variedades ao mesmo tempo: é ver 3 ou 4 panelas ao fogão, cada uma a cozer a sua coisa.

Depois das leguminosas cozinhadas (eu descarto a alga kombu), e divido depois as leguminosas por frascos de vidro, juntando também um pouco de água de cozedura das mesmas.
Há quem prefira congelar em sacos de congelação. Eu como junto o líquido da cozedura prefiro outro tipo de recipientes. E como o faço em quantidade não teria tupperwares suficientes para colocar todas as leguminosas divididas em porções. Por isso opto pelos frascos de vidro.
Há apenas uma regra simples para congelar em vidro com segurança. Não os devem encher até cima. Deixem um espaço de cerca de 2 dedos para deixarem que, ao congelar, o líquido expanda e não exista o risco de o frasco “rebentar” partindo.

Em relação a juntar o líquido da cozedura: eu prefiro fazer assim, porque em algumas receitas gosto de o poder usar - como um arroz de feijão ou uma feijoada. E além disso acho mais simples de descongelar rapidamente (no microondas, por exemplo) quando têm líquido, e acho que ao congelar num meio liquido, as leguminosas ficam mais “protegidas” do gelo (mas isto é mais da minha cabeça que “científico”).

Também podem optar por congelar leguminosas já demolhadas e sem serem cozinhadas, para cozer mais tarde. Nesse caso coloquem em sacos de congelação, e cozam depois quando vos der mais jeito, sabendo que já estão demolhadas. Pessoalmente não vejo grandes vantagens, porque as leguminosas secas aguentam meses ou até anos numa despensa, mas pode ser uma opção para algumas pessoas.

Depois é congelar os frasquinhos todos, e ter leguminosas várias disponíveis para a preparação das refeições da semana. Basta lembrarem-se de véspera do que querem fazer, e deixarem o frasco a descongelar no frigorífico. Se se esquecerem, basta retirarem a tampa ao frasco e usarem o modo de descongelar do microondas e em poucos minutos estão prontas a usar.


E vocês? Preferem comprar já cozidas ou cozem em casa?

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

A festa dos Miúdos: Organização, Receitas e Planeamento


Organizar uma festa para mais de 50 pessoas, em casa, e com tudo feito por nós, não é, de todo uma tarefa fácil. Mas com planeamento, organização, algum esforço físico e muita vontade, tudo é possível.
Mas como tudo começa? 
Nada melhor do que começar por definir o dia, o local e a lista de convidados. Por aqui, como os miúdos fazem anos com 6 dias de diferença que calhavam em dias de semana, a família é grande, e fazia sentido reunir tudo de uma vez só - até por questões de orçamento financeiro - decidimos que a festa seria no primeiro sábado após o aniversário do António. Optamos sempre por fazer a festa em casa, neste caso no nosso jardim, se o tempo o permitisse. Não estava o melhor tempo do mundo, que os finais do dia são frescos, mas resolvemos isso, pedindo aos nossos convidados que viessem agasalhados, uma vez que a festa seria no jardim. Fizemos os convites, recebemos as confirmações e ficamos com o número final de convidados.

E a ementa?
Depois é tempo de planear a ementa. Eu não sou a melhor pessoas com quantidades, nem a melhor pessoa a delegar. Há muitos, mesmo muitos anos que estou habituada a fazer festas para muitas pessoas cá em casa, e gosto de ser eu a fazer tudo. A prática ensinou-me que, sendo eu a fazer tudo, a palavra de ordem é simplificar. Nada de grande finger food, e de querer comida que se tenha de preparar ou fritar ou levar ao forno na hora. Impossível quando queremos ser nós a fazer e temos mais de 50 pessoas em casa, portanto defino a ementa com isso em mente. Outra coisa que é realmente muito importante para mim, é que a comida possa estar já toda pronta quando as pessoas chegam. Eu também quero disfrutar da festa, e não quero estar na cozinha a fazer nada quando as pessoas chegam. Aliás, quando os convidados chegam, o ideal é ter a comida já toda pronta a ser servida, e a a cozinha arrumada e com a máquina disponível.
Portanto é essencial pensar numa ementa que sirva estes propósitos e condicionantes pessoais.

As ementas cá de casa para este tipo de festas, obedecem sempre a algumas “regras” que, funcionam lindamente por aqui:
 - “Entradas” tudo em buffet para que cada pessoa se sirva à sua vontade. 
 - Sobremesas”com o bolo de aniversário e fruta
 - Um prato principal de “jantar” com acompanhamentos
 - Uma sopa

Normalmente as festas costumam estar marcadas por volta das 17h. E sem nenhum tipo de horário fixo, funcionam mais ou menos assim a nível de horários - só para se guiarem na ordem:
 -  Está tudo na mesa as 17h. As pessoas vão chegando e conversando, e começam sempre pelas “entradas” (lanche/salgados)
  • por volta das 19h, 19h30 é normalmente quando de passa às sobremesas, e por volta das 19h30, 20h cantam-se os parabéns. Depois dos parabéns há sempre algumas pessoas que acabam por se ir embora, mas há sempre as que ficam mais tempo, até porque se vai anunciando que há “jantar”.
  • por volta das 20h30/21h, vem a sopa e o “jantar”


Aqui em casa uso sempre este esquema e que funciona muito bem connosco.

Ainda em relação à ementa, e como já disse, não sou muito boa com quantidades. O que faço é pensar que se tenho 50 pessoas, e fizer 10 receitas que sejam com quantidades para 4 pessoas, tenho comida para alimentar 40 pessoas, uma vez que todos comem um bocadinho de cada coisas. Portanto é mais ou menos assim que defino quantidades....
Saladas frias, wraps, dip e pates, e tábuas de queijos e enchidos são sempre as minhas coisas salgadas preferidas para os lanches, porque acabam a satisfazer quase todas as pessoas, não dão muito trabalho e podem ser preparadas com antecedência. Nas sobremesas uso mais ou menos a menos a mesma regra, uma vez que aqui a família e os amigos são gulosos. 
É também muito importante terem em atenção que têm de pensar em comida que possa facilmente ser comida de pé, apenas com um garfo, ou à mão, pois é uma festa volante. Nada de coisas que necessitem de faca....

Apenas para se inspirarem deixo a ementa que preparei para esta ultima festa dos miúdos. (não dupliquei receitas)

Entradas/salgados:


Jantar:
  • Sopa de Abóbora Assada com Coentros
  • Pá de Porco na Slowcooker com Maçã e Cebola Roxa, pãezinhos, salada e maionese de sweet chilli
  • batatas fritas pacote

Sobremesas:


Como Fazer em relação às Bebidas?
Aqui por casa é normalmente o Miguel que trata das bebidas. Havia vinho verde fresco, vinho tinto, minis, espumante e gin.
E para as bebidas não alcoolicas, para além de coca-cola, fiz limonada, sumo de laranja natural e ice tea caseiro, para além de haver água, claro.



Como organizar e decorar o espaço?
Esta é uma das coisas mais importantes, para além da comida, numa festa.
Claro que depende muito do espaço. Mas há que adaptar e criar zonas distintas para as diferentes coisas, para que as pessoas sejam obrigadas a circular. Se fizer a festa dentro de casa, liberte os móveis e aparadores para coloca sobre eles as bebidas, copos, pratos, talheres, coffee station. E o ideal é ter duas mesas distintas uma das sobremesas, outra dos salgados.

No nosso caso, e como o jardim é espaçoso, tinhamos uma mesa maior onde colocamos as entradas/lanches e outra mesa, que colocamos em outra área do jardim com as sobremesas.
Numa mesa mais pequena colocamos copos, pratos, talheres, guardanapos (não coloco nada disso na mesa onde coloco a comida, porque assim obriga as pessoas a circular e a não ficarem todas à volta da mesa)
Havia ainda outro espaço com a coffee station: máquina de café e capsulas, chávenas, açúcar e colheres, para que cada um fizesse o seu proprio café quando assim o desejasse. 
Noutra zona e noutro local a zona das bebidas alcoolicas e não alcoolicas, com os copos de vinho e de gin e gelo.

Como tinha espaço suficiente, tinha ainda outra zona do jardim, na churrasqueira, onde coloquei a sopa (que aqueci antes de servir) e a carne de porco na panela slowcooker e tudo o que precisava para servir os pãezinhos de pulled pork (maionese, pão, salada e batatas)

Havia portanto várias zonas distintas que obrigavam as pessoas a circular, quer para conviver, quer para se servirem do que necessitassem.
Como é uma festa volante (impensável servir 50 pessoas sem ser volante), havias sofás, cadeiras, e bancos espalhados pelo jardim para as pessoas se sentarem. Nada de cadeiras encostadas às mesas, ou isso acaba com as pessoas invariavelmente com algumas pessoas sentadas à mesa, e a consequente dificuldade daqueles que não têm lugar de se servirem. Não é um jantar sentado, portanto evitem que isso aconteça, porque é desagradável. Se tiverem pessoas mais idosas ou com dificuldades de locomoção pensem num local mais resguardado onde se possam sentar e comer, mas apenas nesses casos.

Optem por decorações muito simples. Toalhas brancas ficam sempre bem. Desta vez optei apenas por ter o bolo de aniversário como peça central na mesa das sobremesas, ladeada por balões grandes com o número do aniversário de cada um deles.
Na mesa das entradas/lanche/salgados, optei por uma decoração zero waste: frascos de vidro de varias tamanhos e feitios que vou sempre guardando lá por casa. Fiz uma composição a meio da mesa e enfeitei com ervas aromáticas variadas do jardim. mas podiam ter sido flores e velas, por exemplo. À volta dos frascos coloquei limões, laranjas e maçãs, que era o que tinha em casa.
As toalhas brancas e louça de servir bonita e cuidada fizeram o resto da decoração.




Orçamento?

No total das compras e das bebidas gastamos um pouco mais de 200 euros. Eu gastei cerca de 170 euros em todos os ingredientes e no pão para servir os mini hamburgueres e as sandes de pulled pork. E gastamos mais uns 50 euros entre o vinho, as minis, o gin e o espumante da adega cooperativa de Souselas, que está sempre presente em nossa casa. 


Acham que esclareci todas as questões importantes relativas a fazer uma festa XXL em casa. Que acham que teha ficado por abordar?