Ultimamente fala-se muito de minimalismo. Confesso que tenho alguma dificuldade com este conceito. Lembro-me de há tempos ter lido uma reportagem de alguém que era minimalista e viva com 100 objetos. 100 coisas entre roupa, objetos pessoais, utensílios de cozinha e afins. Claro que isto era um extremo que eu, pessoalmente, seria incapaz de me sujeitar voluntariamente. Mas ao mesmo tempo acredito que vivemos todos, ou quase todos, com coisas demais. E deve ser por isso este crescente borburinho acerca do minimalismo e do “destralhamento” das nossas gavetas, armários e casas.
Portanto lá se dá a volta aos armários, lá de separam as coisas que se usam realmente das que nunca utilizamos. Umas, sem salvação possível vão para o lixo – ou melhor são recicladas – outras são doadas a instituições, amigos ou familiares.
Todos os anos faço esta separação, principalmente no que a roupa e sapatos diz respeito. A regra que aplico é simples. Se não usei no ano que passou, é porque não lhe sinto a falta e vai para dar. O que acontece é que nos últimos anos tenho tido poucas coisas para dar – porque uso quase tudo o que tenho – e as coisas que saem do armário é porque a sua vida útil já acabou…
E este “destralhamento” leva-me a outra questão muito simples: o supérfluo e o desnecessário. Se não usamos tudo o que temos, se temos livros que nunca lemos, pratos que nunca usamos, eletrodomésticos que utilizamos apenas uma vez por ano, não estamos a comprar coisas supérfluas que não nos trazem nada,( nem sequer felicidade)? Se compro roupa que nunca usei, ou livros que nunca li ou pratos que raramente uso não estou sequer a ser feliz com as coisas nas quais gastei o dinheiro.
Todos compramos então coisas desnecessárias, com as quais enchemos as nossas casas e com as quais pensamos estar a encher a nossa vida. Assim o minimalismo faz mais sentido para mim. Não minimalismo de ter uma casa quase despida ou de viver com 100 objetos, mas sim um minimalismo em que nos rodeamos apenas das coisas que realmente usamos e que nos trazem conforto e “felicidade”. Nesse ponto de vista em também sou um bocadinho minimalista… apesar de ter em casa cerca de 100 copos. Porque na realidade eu uso-os. Não todos os dias, mas várias vezes por ano. E de cada vez que os uso, e que ponha a mesa para receber as pessoas de quem eu gosto, dá-me prazer ver uma mesa bonita e de poder variar as minhas decorações. E quem diz copos, diz outra coisa qualquer.
É por isto que o conceito de minimalismo me faz confusão, porque se calhar, para um minimalista ter 100 copos não é nada minimalista, mas para mim faz todo o sentido porque não os vejo como algo meramente supérfluo ou desnecessário. (E não venham com a conversa que um copo é um copo, que um copo de vinho não é a mesma coisa que um copo de água ou sumo ou uma taça de espumante…)
Na realidade o que eu quero mesmo dizer é que minimalistas ou não, o essencial é eliminar o supérfluo e o desnecessário das nossas vidas. Seja qual for o nosso conceito de “mínimo”.
Porque ao compramos o supérfluo e o desnecessário estamos a gastar dinheiro em coisas das quais não necessitamos e isso é uma melhor política do que “destralhar” a casa de tempos a tempos com coisas nas quais já gastamos dinheiro.
Porque saber gastar é a mesma coisa que poupar, não é?
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Concordo plenamente contigo, é assim que eu vejo as coisas. Não poderia ser minimalista no verdadeiro conceito da palavra mas vou sendo porque vou eliminando da minha casa coisas e objectos que não uso nem preciso.
ResponderEliminarBjs
Betty
Bom dia! Realmente a conversa do minimalismo, que anda nas bocas do mundo, não serve para mim. Gosto muito de uma casa que conte uma história, que tenha recordações, ou seja, concordo plenamente consigo quando diz que o minimalismo é ter o essencial. E esse conceito varia de pessoa para pessoa. Para mim, uma casa despida de tudo não dá! Mas atafulhada de bibelots, nem pensar! Há que encontrar o equilíbrio, não sejamos radicais, como em tudo na vida. Por acaso a Thaís Godinho, do blogue vidaorganizada.com, falava disso ontem ou anteontem e punha a questão nesses mesmos termos. Não sejamos extremistas!
ResponderEliminarhttp://montradedescontos.blogspot.pt
Joana, concordo em pleno contigo. Gosto de uma mesa bonita de variar a loiça, os copos e as decorações. Por isso, nada do que tenho é superfulo. Vou destralhando, isso sim, aquilo que se torna desnecessário e só ocupa espaço.Beijinhos e parabens pelo teu blog e livros.
ResponderEliminarhttp://aromasesaboresdoparaiso.blogspot.pt/
Gostei muito do texto e revi-me bastante nele. Cada vez mais pondero sobre o que me rodeia, se realmente preciso para me sentir plena, ou se é só um impulso de possessividade ou de consumo para colmatar algum desequilíbrio emocional momentâneo. Mas a minha casa sou eu e eu tenho uma história, tenho prazeres e tenho uma realidade que vivo todos os dias. Se estes não estiverem espelhados na minha casa, então estou a viver no meio de paredes que tanto podiam ser aquelas como outras quaisquer, e assim perderia o lar e esse é que é para mim o essencial, o mínimo indispensável para viver.
ResponderEliminarEste blogue é e sempre será um guia muito importante para a nossa vida quotidiana.
ResponderEliminarObrigada!!!
Finalmente encontro uma opinião sensata sobre o minimalismo!
ResponderEliminarTambém concordo em pleno!!! E todos os anos faço limpeza geral às gavetas e armários e dou aquilo que ainda está bom e deito fora o que não. Detesto acumular coisas que não uso ou porque deixei de gostar ou porque não servem.
ResponderEliminarBjs R. Vouga
É uma questão de equilíbrio. Há coisas que por mais que sabemos que não passam de "tralha", não dá para nos desfazermos delas. Mesmo que acabem no fundo de uma gaveta: sabemos que está lá! ;)
ResponderEliminarPara a roupa e calçado uso o mesmo sistema, se não uso uma determinada peça numa estação inteira, é porque não vou usar. E aí vai "fora" (doar, vender em 2ª mão, etc).
Nem 8 nem 80! ;)
Concordo inteiramente consigo. E tal como a Naná escreveu "Finalmente uma opinião sensata sobre o minimalismo!". É evidente que cada pessoa tem a sua ideia de vida e conforto e o que interessa é que cada um de nós se sinta bem no ambiente em que vive. Daí a achar-se que só o minimalismo é a opção mais correcta de vida e dar a entender que quem não aprecia é idiota,como eu já tenho lido em blogues de "gurus" promotores/as deste estilo de vida, vai um grande passo. Cheguei a ler, incrédula, num desses blogues a resposta (desabrida)à pergunta onde é que a bloguista punha p.ex.um copo de água, visto que se tinha desfeito das mesinhas de cabeceira e só tinha a cama, que punha no chão se fosse preciso!!!!
ResponderEliminarConcordo inteiramente com o que aqui dizes, Joana. A minha ideia de minimalista vai muito ao encontro da perspetiva que expões neste post. Radicalismos e extremismos não são de todo para mim. Haja bom senso e sentido de equilíbrio.
ResponderEliminarBeijinhos
Cada um vive do modo que o/a faz mais feliz, com 100 copos ou sem mesa de cabeceira. É que naquele momento, para aquelas pessoas, é isso que faz sentido...
ResponderEliminarBeijinhos
Ana Martins
Excelente texto para ler logo de manhã, deixando uma vontade enorme de chegar a casa e ir dar mais uma volta às gavetas e afins! É de facto um conceito muito pessoal o "minimalismo" mas acho que todos devemos implementá-lo nas nossas vidas, com mais ou menos intensidade! Não só podemos ajudar o próximo (com doações) como também, lá está, destralhamos as nossas casas, que quanto a mim deixa-me uma sensação de "leveza" cada vez que o faço! :)
ResponderEliminarSerá que com tantos copos e eu com tão poucos me posso candidatar a uma dúzia desses copos.
ResponderEliminarSe sim depois comunico a morada.
Sou uma pseudo-minimalista, assim parecida ctg :) Roupa/calçado/acessórios q ñ uso tb dou a quem precisa e tb já dei louça, roupa de casa q ñ usava... Mas tb sou daquelas q gosto de ter acessórios de cozinha, pq uso-os, ñ p mostrar ou fazer monte numa gaveta/armário :) Tb seria incapaz de viver apenas c 100 objectos, quem se lembra destas coisas?! :) O importante é valorizar as pessoas, as relações e os afectos... as 'coisas' vêm por acréscimo, pq tb precisamos delas, claro está! Bjinhos!
ResponderEliminarJoana, como já tem vindo a ser um hábito gosto muito dos seus posts. Neste, particularmente, é referida aquela "noção do preciso e do supérfulo"...e confesso que me revejo inteiramente na sua opiniao. Também sou daquelas que gosta imenso de variar, trocar e beldrocar os utensilios e colocar uma mesa bonita; não por vaidade mas sim por uma questão de conforto, excelencia e qualidade diária. Se temos USAMOS! Se não usamos não nos é preciso. O minimalismo está dentro de cada um de nós..bjs e continue a presentear-nos com as suas fotos bonitas de mesas bem elaboradas :)
ResponderEliminarEu me considero uma adepta da vida simples, que é um pouco diferente do minimalismo (mas que algumas pessoas dizem que é igual). Eu não tenho uma casa quase nua e sem nada... eu adoro o estilo de decoração colonial (sou de Ouro Preto), gosto de cores, de objetos bonitos, de flores, de poder variar alguns objetos, de ter livros em casa em vez de manter um kindle. Para mim minimalismo significa ter o mínimo necessário para ter uma vida feliz e significativa. Se eu tenho o "mínimo"? Não, tenho mais do que isso, mas mesmo assim poderia ser considerada uma minimalista, simplesmente devido à minha motivação e ao tipo de mudanças que venho fazendo. Uma das coisas que eu defende veementemente é não deixar entrar na minha casa nada que eu não ame ou não seja necessário, ou seja, consumir de forma consciente. Grande abraço!
ResponderEliminarPS - Não quero ser chata mas talvez já sendo...:sugiro que retire as letras verificadoras que precisam ser digitadas para fazer comentários. Eu tenho muita dificuldade para ler essas letras e às vezes não consigo comentar em alguns blogs por causa disso. beijos!